13 de ago. de 2010

" O QUE A VIDA FEZ DE MIM "

Fui semente...
De um espermatozóide
e de um óvulo

Fui um grão de areia
buscando,
no ventre, de minha, mãe, a força
a própria, energia, da sobrevivência

Fui bebé
a quem, puxavam, as bochechas
Ai que linda, tão gordinha

Fui criança
com bolas coloridas, nas mãos
e sonhos de príncipes, encantados

Fui menina,
de longas tranças pretas
e na escola aprendi
os números e todas as letras

Fui adolescente,
sonhei, namorei, casei
Construi um castelo
Ai como era crente

Fui mulher
e mãe...
Tive dois botões de rosa
Alento do meu viver
Mas, por ser uma, mãe, galinha
tive muito de sofrer

O castelo, desmoronou-se
e o encantamento, afundou-se
Oh como odeio...
Mas, eu sou incapaz de odiar...

Gente falsa, mesquinha
intrigas, mentiras
Traições, deslealdades

Não!
Não sou um ser perfeito
E, por todos, tenho respeito,
Sou a imperfeição de...
Um cristal, por lapidar

Fui trintona...
Quarentona...

Sonhadora...

De um sorriso rasgado
A uma triste melancolia
Um amargurado passado
rodeado de nostalgia

Anjo...Doce e terno
Demónio...Depravado
Tempos de inferno
Coração, fechado

Um soneto fiz da vida
e ela em troca, me, deu
Retalhos, de alma, sofrida
de quem, muito, já, padeceu

Fui de encontro a temporais
vendavais de um coração
sofri tanto e tanto mais
Que aprendi a lição

Fui estrela, de um firmamento
Fogo na desilusão
Fui palhaço, neste palco
Fui somente, solidão

Fui grito
Sou lágrima
Silêncio
Voz que acalma

Fui Santa
Sou louca
Fui um sonho, sonhado
Sou um sonho, inacabado

Não sou teatro
E quando a pena, desliza...
não menosprezo, o meu ser
Sou eu, mesma
Num acto sublime, de amor

O que a vida fez de mim?
Nem eu mesma, sei
Só sei que nela caminho
e a todos muito amei

Amei com devoção!
A todo o amigo,
estendo-lhe, a mão
e,
mesmo, ao inimigo
rezo-lhe uma, oração

Pelos caminhos
fui poeta
fadista
pianista
e o mais que acabe
em "ista"
Não...Nada de malícias
Eu, também, fui, arquivista

O que a vida fez de mim!?
Hoje...Cinquentona...
O que eu, fiz, da vida!?

AUTORA: LOURDES S.

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