23 de ago. de 2010

" O FOGO...O MAIS TERRÍVEL DOS LADRÕES "







As chamas, consomem a natureza
Não consigo, respirar
Sinto-me, sufocar, e tudo me vem à memória
Retalhos de vida...
Em que fui, feliz, e, sonhei
Agora, envolta em chamas, grito por socorro
Mas, ninguém, consegue chegar à minha voz
As chamas ardem mais alto
Querem devorar-me
Sei, vou morrer
Mas como é possível?
Eu, que dei...
Alma e coração, no combate, a estes fogos
Vou ter de dar a vida, também?
E, tu...
Ser... Sem escrúpulos
Arrancas-me a vida
A mim...
Que dei, quem sabe, algum, dia...
A vida por ti
Sim!
Chamo-me, JOSEFA
Eu fui/sou, bombeira
Mas, tinha/tenho, vida, sabes?
Estudava...Era filha, muito amada
Trabalhava num supermercado
Amiga, leal
Companheira, abençoada
Mas, tu, alma, perversa
Tiraste-me o sonho
De continuar a sonhar
A sorrir
A viver
Estou desesperada
Em agonia...Sufocada
Invoco os Céus
Venham Anjos, rapidamente,
Acabar com meu tormento
E, eu, sufoco, em sofrimento
Meus colegas lutam, bem sei,
Para me retirarem, deste fogo maldito
Já não tenho forças
Mesmo assim, suplico
Ajudem-me, mas, não ponham, vossa vida em perigo


Deixem-me, voar, nas asas do Anjo, que, finalmente, me vem buscar
Deixem-me ir, com os passarinhos
Envolta nos seus hinos,
Mãe...
Pai...
Eu, digo-vos, adeus!
Obrigada, amigos
Sei bem, que fizeram os impossíveis, para me salvarem
Sei, que, mais tarde, me virão buscar
E, meigamente, transportar, para a minha última morada.
Já pouco, restará de mim
Mas, mesmo, assim
Vossas lágrimas, vão deslizar
E, quem sabe, tantas, outras pessoas
Vão, por mim, chorar
Não chorem...
EU ERA VOLUNTÁRIA
LEMBRAM-SE?
Então, sorriam
Porque...
EU, MORRI, POR AMOR!
Desculpa, amiga, que, nunca foste, pois não te conhecia
No entanto, faço-te, esta, sentida, homenagem
Para que, no Céu, onde repousas
Estejas rodeada de amor e de paz
E, consigas, perdoar, a quem, te tirou a vida
Não!
Não foi o fogo...
Nem as chamas que te consumiram
Foi, simplesmente, a maldade dos homens
Querendo, destruir, a bondade, do ser, que tu eras
Desculpa, amiga, não conseguir, dar-te, mais
Que o deslizar da minha pena
Num acto sublime de te amar e homenagear
Desculpa, amiga, não conseguir, dar-te, mais...
Do que o meu silêncio, e, as minhas lágrimas!

AUTORA: LOURDES S.

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