15 de set. de 2010

" AFINAL QUEM É PEDINTE? "



Porque me olhas assim
Com esse ar de escárneo?
Eu...
Eu já fui como tu
Astuto e elegante
Hoje sou
Um ser errante
Mas de consciência, liberta
E, alma sangrenta
Sim, porque me olhas assim?
Eu, que já fui
Filho
Pai
Trabalhador
Honrado
Hoje, desgraçado
Mas nunca perdi meu nome
Nem o coração abençoado
Mas, tu
Tu passas ao largo do meu passado
E ris
Troças de mim
E, do meu cheiro
Que o corpo tresanda
E, eu espreito nesta manta rota
Mas que tenta aquecer-me no relento
Quando faz frio e está vento
Tenho vergonha
Não de mim
Mas, de ti
Passas
Caminhas lentamente
Para me ver bem
Será que na algibeira
Tens um pedaço de pão?
Para matar ou enganar a fome
De quem já tudo teve
Mas, hoje, não
Não!
Não escarres para o chão
Pois machucas-me a mim
Olha bem nos meus olhos
E jamais me esqueças
Sou um mendigo, bem sei
Mas, tu, que me achincalhas
És mais mendigo do que eu
Tens a alma vazia
E, o coração negro
Já fui novo, sabes?
Hoje, sou velho
E tu, tratas-me
Como se eu fosse um farrapo
Mas, eu sou um ser humano
Tal e qual como tu
E também, sou teu irmão!

AUTORA: LOURDES S.

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