17 de nov. de 2010

" MEU ADORO MESTRE "

Meu adorado e inesquecível mestre
Teus dias consagrados
Em estudos abençoados
Numa forma de viver
Pouco ou nada, padecer
Era este o teu ensino

Querida filha
Dizias-me tu
Estuda...Estuda...Estuda
Para mais tarde seres alguém
E com um canudo na mão
Jamais te farão frente
Nem te julgarão
Como um ser, indiferente

Mas, eu, meu mestre
Não quis saber
Quis ajudar-te no teu padecer

Não éramos pobres, não
Assim dizia o zé-povinho
Mas mesmo assim, fui trabalhar
Para ajudar meu pai, coitadinho

Nesta labuta infernal
Em que por vezes
O tempo, nos julga mal
Mais tarde torci a orelha
E hoje, não há solução, afinal
Já não deitava sangue
Conforme, tantas vezes me disseste

Tratada abaixo de cão
Muitas vezes me lembrei
De teus conselhos
E tantas outras, tanto chorei

Sei...
Meu querido mestre
Dei-te um desgosto
Hoje poderia ser doutora
Ou quem sabe professora
Mas...
Sou simplesmente
Uma gata borralheira
Sem Dr., sou conselheira
De um posto, não criado em vão

Sabes meu mestre?
Sou uma mão estendida
Coração aberto
Alma sofrida
Mas a todos dei meu amor
Também lágrimas
Sorrisos
Muitos
Lamentos escondidos
Num abraço
Terno e sem dor

A todos amei
A todos, amo

Foi este o meu doutoramento
Que me ensinaste numa tarde
Numa manhã
Onde o lamento
Repugnou o sofrimento
Tu me ensinaste a ser doutora
Sim meu mestre
Doutora do amor

Ama minha filha
Ama muito
Vês?
Vês aquele outro?
É o reflexo do espelho
És tu própria!
Ama
Ama aquele
Como se fosses tu

Vês suas dores?
Atenuas
Nem que seja com um abraço
Um queixume
Um cansaço
Mas, sorri
Ama...
Ama muito
Mesmo que saibas
Que sintas
Que não te amam a ti

Foi este o legado
Que tu me deixaste
Meu mestre
Meu professor
Meu doutor da vida
Foi este o legado
Antes da tua partida

Hoje...
13 De Novembro
De uns anos atrás

Recebi com dor
A tua partida
Mas cantei
Aos anjos com louvor
Sem dor...A despedida!

Não um adeus
Meu querido, adorado
E, inesquecível mestre
Mas sim, um até breve
Um dia...
Deixarei este mundo cruel e agreste
Para me encontrar contigo...
MESTRE
Nesse teu mundo, CELESTE!

Aí sim
Serei julgada
E quem sabe condenada
OU NÃO
Pelos meus actos de ontem
De hoje
De amanhã
Mas, para sempre, sorrirei
E finalmente
No teu colo
Meu adorado mestre
Eternamente, adormecerei!

AUTORA: LOURDES S.

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